domingo, 29 de maio de 2011

Capítulo 7 - Amores enfervescentes

De pés acelerados eu seguia meu caminho da roça. Com o casaco sobre as costas, a mochila, os fones no ouvidos, celular no bolso e o cansaço trancado no fundinho do meu ser, eu subia a minha rua, que era íngrime.

O orvalho deixava o rua escorregadia e fria. Ainda bem que meu tênis era novo.

Ouvindo uma lista variada de músicas eu seguia olhando as casas. Minha vista ainda era meio embaçada, reflexo da claridade. Ainda sentia o peso de meus cobertores sobre minhas costas. E a força que minhas pernas faziam para subir a ladeira me deixava sem ar. Sem ar... sem fôlego...Na verdade, o ar era tão úmido e congelante que sem fazer esforço já se sentia cansaço.

O ar era frio, e trazia consigo folhas secas. Folhas douradas. Folhas, que um dia vivas, encantavam crianças. Tão douradas que pareciam ouro, ouro vivo. Essas lascas de ouro batiam em minha face, em minhas pernas e braços. Meus lábios se apertavam a cada lufada de vento.

Passei por árvores secas, velhas e mansas. Árvores que contavam histórias antigas, histórias de tempos livres e perpetuados. Que deixaram uma marca em sua casca, como um "EU TE AMO" de um apaixonado, consumido pelo amor enfervescente.

Fiquei olhando para as casas. Principalmente para a de Luke. Não. Ele não é um menino, é um cãozinho que eu ajudei à encontrar um lar. Fiquei tão intretida que, caí. De cara no chão. Ai!