terça-feira, 31 de maio de 2011

Capítulo 8 - Carmim sedutor


Meu tropeço foi como uma avalanche. A gravidade faz bem o seu trabalho. Nem meu tênis novo ajudou.

Meu dia mal começara e eu já estava com o joelho ralado. Meu jeans ficou sujo. Demorei um pouco para levantar, fiquei no chão por uns 80 segundos, até que minha visão embaçada percebeu a aproximação de uma grande sombra. Meus cabelos estavam cheios de folhas e na frente do meu olho. A luz do amanhecer me deixou estática por alguns estantes, até que a estranha forma se aproximou de mim, e disse:

- Ei? Você esta bem?

(gemido de dor)

-Você precisa de ajuda?

Finalmente percebi o que era. Era o vizinho da casa lá de cima. A última casa da rua de baixo pra cima. Ele colocou a mão nas minhas costas e deu-me uma leve balançada. Tirei o cabelo+folhas do meu rosto, limpei a areia e finalmente vi seu rosto. Era Felipe.
Nossa, a quanto tempo eu não o via. Ele vivia a fazer cursos, especializações, faculdades e estágios. Nunca parava em casa. A última vez que o vi passar foi enquanto eu lia um folheto sentada na calçada. O folheto era sobre um curso de literatura inglesa. Ele passou por mim e me deu "Olá!"

Ele tinha olhos verdes. Como lagos profundos. Lagos densos e turvos. Uma tempestade veio na minha cabeça. Eu estava no chão, toda suja e com a cara mais vermelha que carmim.
Me levantei lentamente. Como um urso que sai de sua toca após rigoroso inverno. Eu sentia cada articulação do meu corpo ranger.

Depois de toda essa cena eu só consegui dizer:

- Ah (sorriso falso)! Tô bem!