Susan era a “vovó italiana” mais fofa que eu conhecia.
- Claro Ana! - limpando as mãos no avental – Como vai sua mãe? Seu pai? Seu irmão?
- Ah! Eles estão bem. Mamãe esta de férias do Hospital. O papai foi trabalhar. E Matheus saiu com os amigos.
- Nossa! E você? Não foi pra escola hoje?
- Não. Tropecei na rua e voltei pra casa.
- Credo! Se eu caísse não conseguiria mais levantar! Minha coluna anda mal, tenho dores quando levanto de manhã. - ela só falava de doença, morte e falecimento- Minha unha do pé está encravada, estou com seborreia, artrite, artrose, bico de papagaio...
Essa conversa estava me deixando cansada, ouvir só tristeza deixa qualquer um deprimido.
- … Mas eu sou velha e cansada, já estou no fique da vida mesmo - credo! - . E você, como anda?
- Eu? Tenho algumas provas na semana. E vou numa festa hoje!
- É? Uhmmm...
- O que foi?
- Vai ver os garotinhos não é?
- Hahahaha não não!
- Uhmm, sei! Tenho um espartilho lindo lá em cima, se você quiser?
- Não não, obrigada! - Susan era uma ótima pessoa, mas um pouco viajada - .
Esse diálogo decorreu-se do jardim de trás até a porta da frente. Ela esqueceu a chave da porta dos fundos então tivemos que entrar pela frente.
Estava com o molho de chaves na mão tentando achar a chave certa.Não parava de falar sobre suas doenças passadas e as que um dia poderia ser.
Ela abriu a porta e o cheiro de naftalina invadiu-me, deixando-me nauseada e tonta. Até soltei um “- Nossa!”.
A sala de Su tinha aparência de uma selva. Haviam várias variedades de flores e plantas. Me senti no filme do Predador 1. Su me guiou até o telefone e pôs-se a disposição de qualquer serviço culinário “-Você quer um biscoito? Chá? Chocolate? Bolachas? Bolo? Torta? Sanduíche? Suco? Gelatina? Pão?...
- Não Susan, obrigada!
- Se você quiser alguma coisa é só me pedir!
- Claro claro!
Agora eu finalmente conseguiria com meu pai. Su saiu da sala indo em direção da cozinha, para cozinhar algo pra mim na certa.
Disquei o número no teclado. E depois de 4 toques meu pai atendeu.
- Alô?
- Oi, quem fala?
- Sou eu pai! Ana!
- Oi filha! O que foi?
- Ah pai, eu queria...