sábado, 9 de julho de 2011

Capítulo 21 - Naftalizando

Susan era a “vovó italiana” mais fofa que eu conhecia.

- Claro Ana! - limpando as mãos no avental – Como vai sua mãe? Seu pai? Seu irmão?

- Ah! Eles estão bem. Mamãe esta de férias do Hospital. O papai foi trabalhar. E Matheus saiu com os amigos.

- Nossa! E você? Não foi pra escola hoje?

- Não. Tropecei na rua e voltei pra casa.

- Credo! Se eu caísse não conseguiria mais levantar! Minha coluna anda mal, tenho dores quando levanto de manhã. - ela só falava de doença, morte e falecimento- Minha unha do pé está encravada, estou com seborreia, artrite, artrose, bico de papagaio...

Essa conversa estava me deixando cansada, ouvir só tristeza deixa qualquer um deprimido.

- … Mas eu sou velha e cansada, já estou no fique da vida mesmo - credo! - . E você, como anda?

- Eu? Tenho algumas provas na semana. E vou numa festa hoje!

- É? Uhmmm...

- O que foi?

- Vai ver os garotinhos não é?

- Hahahaha não não!

- Uhmm, sei! Tenho um espartilho lindo lá em cima, se você quiser?

- Não não, obrigada! - Susan era uma ótima pessoa, mas um pouco viajada - .

Esse diálogo decorreu-se do jardim de trás até a porta da frente. Ela esqueceu a chave da porta dos fundos então tivemos que entrar pela frente.

Estava com o molho de chaves na mão tentando achar a chave certa.Não parava de falar sobre suas doenças passadas e as que um dia poderia ser.

Ela abriu a porta e o cheiro de naftalina invadiu-me, deixando-me nauseada e tonta. Até soltei um “- Nossa!”.

A sala de Su tinha aparência de uma selva. Haviam várias variedades de flores e plantas. Me senti no filme do Predador 1. Su me guiou até o telefone e pôs-se a disposição de qualquer serviço culinário “-Você quer um biscoito? Chá? Chocolate? Bolachas? Bolo? Torta? Sanduíche? Suco? Gelatina? Pão?...

- Não Susan, obrigada!

- Se você quiser alguma coisa é só me pedir!

- Claro claro!

Agora eu finalmente conseguiria com meu pai. Su saiu da sala indo em direção da cozinha, para cozinhar algo pra mim na certa.

Disquei o número no teclado. E depois de 4 toques meu pai atendeu.

- Alô?

- Oi, quem fala?

- Sou eu pai! Ana!

- Oi filha! O que foi?

- Ah pai, eu queria...