quinta-feira, 21 de julho de 2011

Capítulo 27 - Um salão de confusões

Já eram 15:30. Fabi passaria aqui às 19:00 e Victor às 20:00. Enquanto eu pensava Hiola, minha gata, se entrelaçou em minha pernas. Ronronando fortemente.

Hiola era uma gata gorda e peluda. Seu pelo era como veludo negro. Minha gata preta. Sempre me trouxe sorte – só pra adicionar – por estranho que pareça. Ela pulou sobre um gaveta do closet e por lá ficou a me olhar.

Puxei camisas, camisetas, calças, vestidos, saias e nada. Nada. Nada me agradava, que indecisão! Percebi que era inútil tentar achar uma roupa sozinha, então pensei “Vou no salão fazer o cabelo, e quando eu voltar Fabi me ajudará a encontrar uma roupa.” Ótimo. Fui na direção do criado mudo, e abri a gaveta, lá sepultavam: uma chave, uma fita de cabelo, um elástico, moedas e finalmente minha carteira. Abri-a. Amém. Tinha 190 reais nela. Mesada do mês. Desci as escadas em direção a porta. Mas minha mãe pausou-me:

- Ana! Onde você vai?

- No salão da cidade, fazer o cabelo.

- Ora, você não vai fazer o cabelo em casa?

- Não, acho melhor não, minha mão não é boa pra arrumar cabelo.

- Você tem dinheiro - dando um sorriso sarcástico - pra isso?

- Sim! Esqueceu? A mesada!

- Ah! Sim! Vá logo, o salão fecha às 17:00 e hoje deve estar cheio, todas as meninas devem estar lá se arrumando.

Droga! É verdade. Eu daria de cara com: Jolie Markis, Sarah Thompson, Dina K. Falker, Kim Petrov e a vice-rainha da gangue das patricinhas (Mariana Boljer era a rainha) Carmen Albeenkar. Ela era o braço direito de Mariana. O braço esquerdo era Kim Petrov, a invejosa. Sempre soltando veneno destilado. Mariana às vezes se irritava e dava um “chega pra lá” nela. Carmen era “A inteligente”, usando sua inteligência pra o mal. Infelizmente.




terça-feira, 19 de julho de 2011

Capítulo 26 - In the Closet

Minha mãe continuou a falar sobre o acidente, detalhando o massacre. 7 das 12 crianças e o motorista do escolar morreram. O motorista do caminhão nada sofreu. Estava bêbado e entupido de energéticos e narcóticos. Não entendo como ele conseguiu dirigir por 43 km. Isso foi o que o noticiário descreveu.

A conversa estava me deixando casada. Como já disse, morte e falecimento são os piores assuntos.

- Mãe - interrompendo bruscamente a conversa - !!!

- Oi!

- Vou pro meu quarto - tentando sair daquele monólogo - me arrumar.

- Já avisou se pai?

- Sim, mas ele queria conversar mais quando chegasse em casa.

- É típico dele, - mamãe disse com a voz pesada - sempre prolongando as conversas.

- Hahahaha – risada falsa – hahahahaha. Vou indo.

- Tá bom.

E continuou a olhar a televisão. Transcendi a sala e as escadas em direção ao quarto. Abrir e fechei a porta com exatidão. Nada agora era mais importante do que: achar uma roupa. Após re revirar o meu armário passei a revirar meu baú, depois o closet. Agora sim. Meu paraíso. Economizei durante 3 anos para compor meu closet. As melhores roupas estavam lá, por que eu não me lembrei disso antes?




sábado, 16 de julho de 2011

Capítulo 25 - Boas impressões e maus pressentimentos

MENSAGEM DE:

FABIANA TOMIX (loka)

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Abrindo...

MENINA!!! ME DISSERAM QUE A FESTA

VAI BOMBAR!!! A MARIANA PREFIRIU

DAR UMA FESTA A VIAJAR PRA MÔNACO!!!

QUE LOKA... EU NUNCA RECUSARIA UMA

VIAGEM DESSA :)

O VICTOR MANDOU LAVAR O CARRO, PARECE

QUE VOCÊ DEIXOU UMA BOA IMPRESSÃO

PRA ELE!!!

BJUS

ass: FT

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Eu? Boa impressão? Nunca! Será? Talvez? Pode ser? Victor era legal, mas ele tinha mais o estilo da FT: louco, acelerado e apaixonante. Ele tinha uma sensualidade própria, meu misteriosa e perturbadora. Mas nada que me atraía. Ele era meio apressado demais pra mim. Me disseram que ele fumava e bebia horrores, isso é algo que me trás repulsa. Gente que se embebeda, mas de ficar alto mesmo, de não conseguir falar uma palavra. E fumar como uma chaminé. Tão jovem. Mas acho que isso é boato. Na escola tudo estourava como uma pipoca, mas a maioria era mentira ou imensamente aumentado.

Entrei no jardim de casa, encaixei a chave na fechadura e virei o trinco. A porta abriu rapidamente e vi minha sentada na sala vendo televisão.

- Ana? É você?

- Oi mãe, sou eu! Tudo bem por aqui?

- Sim sim. Fiquei sentada vendo o telejornal. O noticiário disse que aconteceu um acidente na cidade.

- Sério? - entrando na sala e sentando no sofá oposto a de minha mãe – O que aconteceu?

- Um caminhão atropelou um ônibus escolar.

- Credo! Onde?

- No cruzamento da North Fire com 76.

Esse endereço não me era estranho.




Capítulo 24 - Claustrofobia

- John? JOHN!!!!

- Oi Ana! Como você vai?

Pulei 2 metros em seu encontro, era John M. Dinkar. O “M” é de Murage, ele era neto de Susan. Eu não sabia que ele estava na casa da avó. Se eu soube da sua presença eu já o teria telefonado ou ido ao seu encontro.

- John! Você sumiu, - acabei nem respondendo a pergunta - onde você se meteu?

- Eu estava na Austrália!

- É mesmo, eu tinha me esquecido! Minha cabeça tá muito bagunçada esses dias. Faz quanto tempo mesmo que você foi?

- 8 meses.

- É, quanto tempo!

- Me conta, e você? O que anda fazendo da vida?

- AH, nada. Só estudando. Hoje tem uma festinha na casa da Mariana Boldjer.

- É, você vai?

- Vou, com a Fabi. Você quer ir?

- Acho que não.

- Vai – agarrando-o pelo braço – vai, vem comigo, tem um espaço sobrando no carro!

- Tá tá! Vou ver com a minha avó!

- Me liga, ou bate láem casa pra mi avisa! Tá?

- TÁ ANA!

- Hahahahaahahahahah... você pode me ajudar?

- No que?

- Eu não consigo sair dessa casa, estou meio pressa – meio? Totalmente! - você me ajuda?

- Claro!

Tirando o molho de chaves do bolso do blusão me lançou um olhar sarcástico: a porta da frente estava aberta, e eu, no pavor do momento, nem notei.

- Não se esquece de me ligar avisando, ok?

- Ok ok!

Abrindo a porta direcionei-me à rua. O paradeiro de Susan não me foi revelado, John não me disse se ela estava no jardim ou no sótão. Fiquei na dúvida.

Meu corpo foi guiado por uma corrente forte que soprou a meu favor em direção à rua. Deixando John na porta, escorando o ombro no batente da porta, olhado-me ir. O vento me conduzia, me carregando levemente.

Desci a rua em direção a minha casa. Já eram 15:04 e a vento assoviava cada vez mais forte. “ Acho que vai chover” indaguei-me. A minha casa se aproximava. E meu celular tocou.




segunda-feira, 11 de julho de 2011

Capítulo 23 - Fantasminha camarada

Coloquei o telefone no cancho. Finalmente! Que puxação de saco, mas consegui! Agora eu tinha que contatar Fabi! Eu tinha que sair da casa da Sra. Susan Murage, claro que com muita educação.

- Muito obrigada Su. Su? Susan?

Fiquei alarmada. Ela não estava ao alcance da minha voz, bem, ela era meio surda. Procurei-a com o olhar pela sala. Ninguém nas escadas. Levantei gentilmente da poltrona.

- Su? Você esta aí?

Ninguém. Ela evaporou?

Credo, essa situação me deixou ofegante. Meu coração palpitava loucamente. Susan tinha princípio de Alzheimer, mas ainda nada grave. Mesmo assim, isso me preocupava.

- Su?

Na casa ela aparentemente não estava, cruzei a cozinha em direção à porta de vidro dos fundos. Trancada. Eu estava me sentindo um pouco claustrofóbica nesta situação. Pressa numa casa estranha. Mesmo sendo a da Su, à que eu estava familiarizada. Mas, mesmo assim, não era “a minha casa”.

Dei o último grito, agora de agonia:

- Suuuuu?

Me dirige à sala de estar.

Sinto uma presença. Era Su? Não, era uma presença masculina. O que era? Essa dúvida corroía-me. Não queria olhar pra trás.

- Ana?

Relutei em olhar. Era um espírito? Uma aparição? Assombração?

- Ana? Você esta bem?

Virei lentamente o rosto.