sexta-feira, 8 de julho de 2011

Capítulo 20 - Cristas

Minha respiração ficou acelerada. Só após fechar a porta senti que meu coração parava de palpitar com força. Minha mãe usando antidepressivos, isso não fazia sentido! Eram 14:15. Sem telefone e sem crédito no celular, como eu poderia ligar pro meu pai? Só me restava ir na Sra. Murage, a vizinha da casa de cima.

Peguei o casaco que estava debaixo da pilha de roupas. Puxei com força e acabei tropeçando num sapato. O que aconteceu? Caí com os quartos no chão. Levantei com toda a elegância de um bode manco. Arrumei o cabelo prendendo-o com um amarrador. Andei pelo corredor observando se minha mãe presidia em seu quarto, mas ele estava vazio. Desci as escadas e notei uma sombra na sala. Era ela.

- MÃE?

- Oi flor, o que foi?

- Vou na Su telefonar.

- O que aconteceu com o nosso telefone?

- Não sei. Procurei na sala e no meu quarto, mas não achei nada. Deve estar no seu quarto.

- Acho que sim, vou procurar mais tarde. Volte logo, você precisa se arrumar ainda.

- Já volto! Bjus

- Bjus, até mais tarde.

Sai e tranquei a porta. O dia estava ainda meio nublado. Dei os primeiro passos mundo afora.

Passei pelo jardim e cheguei na rua. Comecei a subir a rua em direção a próxima casa. A Sra. Murage ou Susan Murage era uma velhinha muito simpática. Eu almoçava uma vez por mês lá. Em sua juventude foi enfermeira, participou até da Segunda Guerra Mundial. Sua idade? Eu parei de tentar contar...

Andei uns 40 metros até parar na frente de um jardim cheio de margaridas vistosas. Apressei-me até sua porta. TOC TOC

Ninguém respondeu.

TOC TOC TOC

Percebi que era inútil bater naquela porta. Decide dar a volta na casa. Virando notei uma melodia suave, que pairava no ar. Andei pela lateral da casa até chegar nos jardins do fundo. Lá estava, Su ajoelhada plantado cristas de galo.

- Su?

- Oi Aninha! Tudo bem?

- Tudo ótimo! Você me empresta o seu telefone por favor?