terça-feira, 14 de junho de 2011

Capítulo 11 - Estado vegetativo

Ao subir as escada até o banheiro olhei pela janela do corredor rapidamente. Meu irmão. Indo.
Não sabia se ele iria voltar hoje, amanhã, semana que vem... não sei.
Meu andar ficou mais lento e sombrio. Mais penoso. E para minha surpresa vi minha mãe em seu quarto, olhando pela janela. A porta estava meio aberta, então pude ver lágrimas cristalinasdesenrolarem de seu rosto.
O corredor era curto. E até seus soluços pude ouvir.

Entrei para o banheiro, entrando à esquerda. Vi a banheira cheia de espuma branca. Como aneve primogénita que cai no início do inverno. O perfume que exalava era mágico. Me sentia como em um campo de flores sem fim. O vapor que saia da água me lembrava a névoado amanhecer.
O que mais eu podia fazer? Tratei de entrar na água.

Perdi a noção do tempo deitada naquela banheira. Acho que fiquei 1 hora e meia só pensando.Imóvel como um vegetal. Não me importei com a minúscula janela aberta, que ficava bem perto do teto. Existia apenas para ventilação. E dela passavam ventos frios, filhos do amanhecer e sobrinhos da noite, que foge ao ver o Sol.

Me senti embalsamada em meus pensamentos. Refleti sobre a vida, meu futuro, meu passado... mas nem me passou pela mente meu presente.

Apenas fechei meus ouvidos e boca. E abri a mente. Deixei que os pensamentos me esgotassem. Me tirassem todo o vigor. Me senti presa e livre ao mesmo tempo. Eu podia pensar estar no Egito, e realmente estar em uma banheira. Ah... a quanto tempo eu não parava o mundo e acelerava os pensamentos.

Apenas eu e o vazio. O vazio era eu. Eu era tudo. Tudo me fez ser vazio.