- Ana!
- Já tô indo mãe!
Bem, o mais prudente era eu, primeiramente, almoçar. Coloquei a camiseta e o moletom. Deixei o celular no meu bolso, caso Fabi me enviasse outra mensagem.
Comecei a descer as escadas, na busca pelo aroma exótico que me atraía.
Olhei de um lado para outro.
- O pai já foi saiu?
- Sim querida.
Degrau por degrau. Pé por pé, um de cada vez, a seu tempo e hora.
A sala estava vazia, mas eu sentia que Matheus ainda estava, de alguma forma, ligado àquela sala.
Meu joelho roçava na calça. E mesmo com o curativo, a laceração anã me fazia apertar os olhos.
O dia, o sol começava a se mostrar forte. As persianas da casa foram abaixadas, tamanha era a luz que o astro emitia.
- Mãe...
- Oi!
- Você vai ter que ligar pra escola. Pra justificar a minha falta.
- Ah! Claro querida! Sente-se. Vou por fazer seu prato.
O que senti foi que minha mãe estava fingindo seu sofrimento. Eram nítidas as marcas recentes de choro: bochechas vermelhas, olhos pequenos e vermelhos, nariz vermelho, voz nasal e respiração baixa.
- Mãe?
...
- Você tá bem?
- Sim sim. Não se preocupe comigo. Agora coma, antes que esfrie. Eu vou ligar já pra sua escola.
E ela saiu andando para a sala.