O caso do telefone me deixou intrigada, o quê aconteceu com ele?
Agora eu estava num impasse. Meu celular só tinha bônus para a mesma operadora, e a do meu pai não era a mesma da minha. O que eu podia fazer:
1° - Pedir o celular da minha mãe;
2° - Ir na vizinha da casa de cima, a Sra. Murage;
3° - Ligar a cobrar (que vergonha);
4° - Procurar um cartão telefônico;
Isso! Eu tinha comprado um cartão telefônico, mas fazia um tempo, acho que estava no armário da sala. Já era 14:00 horas, e eu tinha um tempo até resolver essa questão. Parei de revirar o meu armário. Desci as escadas para a sala.
A sala ainda estava deserta. O armário da sala estava fechado e os vidros transpareciam os objetos em seu interior. Havia chaves, correspondências, papéis avulsos, esculturas de vidro e porcelanas.
Fui diretamente ao seu encontro. O fino pó deixava áspera a fechadura.
Abri. Fiquei perdida em meio ao caos, tudo estava bagunçado e desorganizado. Comecei a puxar os papéis para fora do armário, eram receitas médicas, pedidos de pizza, recibos, cartas da minha avó, contas, notas e … e … o quê? O QUÊ ERA AQUILO? Fiquei pasma. Puxando papéis diversos e apenas passado o olho, vi. Vi o que me deixou pálida. Era um receita de remédio. Nada de mais. Mas o seu conteúdo meu deixou triste. Realmente triste. Era um remédio contra depressão. E receitado para: Lola G. Phillip. Quem? MINHA MÃE. É, minha mãe chama-se Lola. Nossa, ela estava usando antidepressivos, mas qual a razão? Ela estava bem com meu pai, bem, era isso que eu achava. Era eu? Provavelmente não. Só podia ser Matheus. Ele estava dando trabalho à ela. Tirava-lhe o sono, a paciência e a tranquilidade.
Peguei o papel com medo. Tanto medo que não percebi que minha mãe estava atrás de mim.
- Ai!
- O que foi?
- Nada nada.
- O que você estava fazendo no armário?
- Eu eu … eu estava procurando o telefone do disk pizza.
- Achou?
- Não não. Eu vou indo. Vô pro quarto. (risinhos)
Saí correndo como o vento. Subindo e saindo da visão dela. Foi por pouco.